A era da inteligência artificial: desafios para conselhos de administração

Quem não adotar tecnologias como IA ficará para trás. Fazer um movimento na direção correta é urgente!

  • 14/07/2023
  • Rodrigo Cunha, IBGC Dialoga
  • Artigo

A inteligência artificial (IA) vem revolucionando a forma como as empresas atuam, gerando mudanças significativas no ambiente corporativo. Neste artigo, vamos discutir como a IA já impactou e continuará a impactar o mundo dos negócios, e como os conselhos de administração devem se adaptar a essa nova realidade.

A IA tem sido amplamente utilizada em diversos setores, na Neurotech, por exemplo, utilizamos a IA desde 1999 para análise de crédito de pessoas físicas e jurídicas. No mercado em geral, temos aplicações desde a automatização de processos até a análise de dados em tempo real na previsão do tempo.

Empresas que adotam IA têm sido capazes de melhorar a eficiência, reduzir custos e criar oportunidades de mercado. Porém, com essas inovações tecnológicas, surgem novos desafios e responsabilidades para os conselhos de administração. Os conselhos devem estar cientes dos avanços da IA e como podem afetar seus negócios, tanto positiva quanto negativamente. Isso envolve compreender as implicações éticas, legais e de segurança relacionadas ao uso da IA, bem como garantir que as empresas estejam preparadas para enfrentar possíveis ameaças cibernéticas.

Ao contrário do metaverso, que ainda está em fase de desenvolvimento e cujas aplicações práticas não estão totalmente consolidadas, a IA se encontra enraizada em nosso cotidiano, já permeia o dia-dia das empresas, transformando e simplificando tarefas que antes eram exclusivamente humanas,  A presença da IA em nossa rotina diária ilustra sua versatilidade e capacidade de se integrar em diversos aspectos de nossas vidas, tanto pessoais quanto profissionais, redefinindo a forma como interagimos com a tecnologia e uns com os outros. A adoção da IA pelo mercado e pelas empresas tem sido cada vez mais acelerada.

No passado, ela foi considerada um diferencial competitivo e hoje, virou uma questão de sobrevivência. Quem não adotar tecnologias como IA ficará para trás rapidamente e como essa velocidade é cada vez maior, fazer um movimento na direção correta é urgente!

Em um ambiente de negócios cada vez mais competitivo e acirrado, a IA é essencial para impulsionar a produtividade, melhorar a tomada de decisões e desenvolver soluções inovadoras, garantindo assim a sustentabilidade e o sucesso das organizações no longo prazo. Diante da dinâmica que realizamos em sala de aula, ficam algumas dicas para os conselhos de administração:

● Invista em educação: os conselheiros devem buscar conhecimento sobre IA e tecnologias emergentes para tomar decisões informadas. Participar de cursos, workshops e conferências pode ajudar a se manter atualizado sobre os últimos avanços e tendências.
● Cuidado com os dados: mais importante do que entender os algoritmos utilizados é garantir que a empresa esteja utilizando dados fidedignos que não contenham vieses. E caso o viés esteja presente, ter a clareza de onde a IA pode ou não ser utilizada.
●Diversifique o conselho: inclua membros com expertise em IA e tecnologia, pois isso trará perspectivas valiosas e conhecimento técnico para a tomada de decisões.
● Estabeleça um comitê de tecnologia: crie um comitê dedicado a monitorar e avaliar as oportunidades e riscos associados à IA e outras tecnologias emergentes. Este comitê deve reportar regularmente suas descobertas e recomendações ao conselho.
● Desenvolva uma estratégia de IA: crie um plano estratégico que aborde como a IA será incorporada nos processos de negócio, identificando áreas onde a tecnologia pode ser aplicada para melhorar a eficiência, reduzir custos e impulsionar a inovação.
●Promova uma cultura de inovação: incentive a experimentação e a adoção de novas tecnologias na empresa. Reconheça e recompense os funcionários que contribuem com a inovação 
● Comece com projetos pequenos e indicadores claros de sucesso para depois criar projetos maiores. É fundamental que tenhamos o patrocínio dos projetos de IA desde o conselho de administração até a execução do dia-dia.

Dentre as experiências compartilhadas pelos grupos ao longo dos encontros a utilização do ChatGPT gerou respostas variadas e revelou a importância da contextualização para obter resultados mais assertivos. O ChatGPT demonstrou ser uma ferramenta útil para dar ideias e responder a perguntas básicas, especialmente no que diz respeito a risco e compliance.

No entanto, alguns participantes notaram certo grau de repetição e limitações na análise de balanços. Além disso, a base regulatória do modelo ainda precisa ser aprimorada. Também foi possível observar que o desempenho do ChatGPT foi mais eficiente quando utilizado em inglês, sugerindo que a qualidade das respostas pode ser influenciada pela língua em que a ferramenta é empregada.

Em conclusão, a experiência dos encontros reforça a ideia de que a combinação entre a máquina e o ser humano tende a ser mais eficiente e eficaz do que qualquer um deles isoladamente. A inteligência artificial, como o ChatGPT, pode complementar e enriquecer o processo de tomada de decisão, enquanto os seres humanos trazem intuição, empatia e entendimento contextual mais profundo. Juntos, formam uma parceria poderosa capaz de enfrentar os desafios mais complexos no mundo dos negócios e da governança corporativa.

Este artigo foi produzido a partir da 5ª edição do IBGC Dialoga que ocorreu no período de março a junho de 2023. A iniciativa se baseia na formação de grupos, a fim de criar espaços de debate entre pares, trazendo temas da governança corporativa em setores específicos. Na temporada, os grupos foram organizados nos setores: Governança Climática, Governança das Famílias Empresárias no Agronegócio, Setor Energia, Setor Financeiro, Inovação e Tecnologia, Sociedade 5.0 e o futuro do trabalho e Startups.

Já há uma nova edição do IBGC Dialoga com inscrições abertas. Já se inscreveu? Para saber mais clique aqui.

Sobre o autor: Rodrigo Cunha, instrutor do IBGC Dialoga Inovação e Tecnologia, é doutor em inteligência artificial e sócio-fundador e CPO da Neurotech.

Este artigo é de responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do IBGC.

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