Quais são as oportunidades do agronegócio que batem à porta?

Artigo procedente da 3ª edição Dialoga discute sobre como manter a liderança mundial de forma sustentável no agro

  • 25/08/2022
  • Patrícia Amélia Bueno
  • Artigo

É imperativo assumir a importância do Agronegócio na sociedade brasileira. O setor corresponde a 27% do PIB nacional, gera 20% dos empregos, foi responsável por um superávit na balança comercial de 105 bilhões de dólares em 2021 e possui altos padrões de produtividade e tecnologia.

Considerando o prognóstico do aumento populacional estimado em 8,5 bilhões de pessoas em 2030, a discussão atual não é se o país deveria reduzir esta atividade primária em prol de outros setores, mas sim de como manter a liderança mundial de forma sustentável nesse segmento e adicionalmente crescer em outros setores.

A expectativa da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) sobre o Brasil é o aumento de produção de 40% de alimentos até 2030 como contribuição para a segurança alimentar global. Além disso, a ocorrência de eventos considerados de baixa probabilidade de ocorrência e de alto impacto, como a pandemia e uma guerra em solo europeu, só reforçam a necessidade de uma visão crítica e de longo prazo para assegurar a posição de liderança global.

Aspectos como demanda por uma agricultura sustentável e rastreável já fazem parte da equação da sustentação do sucesso nacional. E é nesse contexto que, estrategicamente, o Brasil e os atores da cadeia precisam assegurar a perenidade com qualidade do Agronegócio brasileiro. A essência da governança é assegurar essa perenização e, portanto, não é possível garantir tomada de decisões assertivas e o futuro do negócio sem investir em processos, controles, e numa melhor organização empresarial, isto é, em governança.

O Brasil é hoje uma grande potência na produção de alimentos, fibras, energia, e na geração e difusão de conhecimento e tecnologias. A competitividade do agronegócio brasileiro é também resultado da melhor organização dos produtores em cooperativas, associações e sindicatos; e do trabalhador de instituições de ensino, pesquisa, desenvolvimento e inovação.” Associação Brasileira do Agronegócio - ABAG

Dentro da grande e complexa cadeia do Agronegócio, o recorte da governança “dentro da porteira” possui grandes desafios e oportunidades. De maneira ampla a implementação da governança na empresa rural enfrenta diversos desafios como:

• A necessidade de adaptação da teoria da governança para a linguagem do empresariado rural; respeitando as especificidades do setor, incluindo métricas;

• Considerar a segmentação dos agricultores em termos de tamanho e faturamento. O pequeno agricultor normalmente conta com uma rede potencial de apoio para ter melhor e maior acesso à informação e orientação, como cooperativas, associações; enquanto médio* e grandes agricultores possuem maior facilidade de acesso direto ou outras vias como financiadores;

• Respeito aos aspectos culturais;

• A grande maioria das empresas rurais são familiares, portanto, é primordial trabalhar as relações familiares e assuntos sensíveis como o estabelecimento do protocolo de família que determina clareza de papéis e regras de sucessão;

• O empresário rural brasileiro é extremamente competente no tocante a produtividade, entretanto encontra-se num processo evolutivo na gestão e consequentemente na governança;

• Aspectos tributários, pois muitos agricultores operam na PF, o que é permitido pela legislação brasileira.

A boa nova é que o Agronegócio atrai cada vez mais a atenção de importantes fomentadores da governança. Os players e modelos de financiamento estão se diversificando, com a entrada de fintechs, fundos de investimento, oferta de créditos verdes e até mesmo IPO, que teve uma boa safra de seis empresas agro abrindo capital em 2021. O apelo financeiro, como taxas de juros mais atrativas e agilidade na tomada de crédito, certamente é um grande aliado na disseminação e adoção de boas práticas.

Os desafios estão identificados e são oportunidades de geração de inteligência setorial, abrindo espaço nos segmentos de educação, consultoria e assessoramento, implantação de processos de governança e acompanhamento através de conselhos consultivos e eventualmente de administração.

O Agronegócio precisa da governança possível e adequada, que cria valor e auxilia o agricultor brasileiro a continuar na vanguarda da produção de alimentos para o mundo. O desafio está lançado e as oportunidades abertas aos apaixonados pela boa governança!

Nota de rodapé: *O IBGC considera o recorte do médio agricultor aquele que possui faturamento maior que R$ 20 milhões.

Este artigo foi produzido a partir da 3ª edição do IBGC Dialoga que ocorreu no período de março a junho de 2022. A iniciativa se baseia na formação de grupos, a fim de criar espaços de debate entre pares, trazendo temas da governança corporativa em setores específicos. Na temporada, os grupos foram organizados nos setores: Agro, Empresas de Controle Familiar, Educação, Financeiro, Indústria e Startups e Tech. Patrícia Bueno, que assina este artigo, foi instrutora especialista do Dialoga – Agro, na edição.


Sobre a autora: Patrícia Amélia Bueno é conselheira de administração, membro de comitês, e fundadora da EasyHub especializada em curadoria e governança da inovação. É investidora e mentora de startups.

Este artigo é de responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do IBGC.

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