IBGC realiza primeiro evento presencial de 2023

Biodiversidade e mudanças climáticas estruturaram o evento focado na COP27 & COP15, com participação de especialistas

  • 08/02/2023
  • Angelina Martins
  • Eventos

Primeiro evento 100% presencial do IBGC, em 2023, o painel “Brasil no novo cenário de biodiversidade e mudanças climáticas - Download COP27 & COP15”, realizado dia 8 de fevereiro, na sede do instituto, reuniu especialistas no tema que abordaram os principais pontos das duas conferências. Entre os tópicos discutidos estão os compromissos com o netzero, mercado de carbono, o papel do Brasil e sua contribuição, as agendas e responsabilidades de conselhos e investidores e neste contexto.

Adriane de Almeida, diretora de desenvolvimento do IBGC, lembrou que o instituto foi convidado para ser capítulo do Chapter Zero, iniciativa do Fórum Econômico Mundial que quer trazer mudanças climáticas para a pauta dos conselhos: “Temos realizado eventos, criamos a página Chapter Zero Brasil e durante o Congresso 2022 lançamos com parceiros a publicação “Governança Climática no Brasil: Contexto e Desafios dos Conselhos de Administração". São iniciativas alinhadas ao compromisso do instituto com as mudanças climáticas”, detalhou.

Para debater a temática foram convidados José Pugas, sócio e head de investimentos sustentáveis da JGP Asset Management; Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e Roberto Waack, presidente do conselho do Instituto Arapyau. A moderação ficou a cargo de Marcelo Pasquini, diretor de sustentabilidade corporativa do Bradesco.

Os eventos climáticos estão cada vez mais presentes na vida das pessoas e das empresas e em consequência, as discussões estão mais presentes no cotidiano de todos. Com esse foco, Marcelo Pasquini iniciou o encontro afirmando que empresas e conselhos têm o dever de olhar para a questão e estar à frente das discussões e entender que precisam olhar para o que está acontecendo, o que é preciso fazer, como mudar o modelo de negócios e olhar para a economia de baixo carbono.

Marcelo considerou que o Brasil tem posição mais eficiente que outros países em termos de energia ao explicar que nossa matriz energética é em sua maioria renovável, mas precisa ser equilibrada e diversa, pois há riscos. Isso afeta a biodiversidade, que anda colada com a mudança climática.

Para Roberto Waack, presidente do conselho do Instituto Arapyau, historicamente o Brasil tem tido papel fundamental em todos os eventos nas conferências mundiais, isso porque a sociedade civil hoje atua principalmente no processo de fortalecimento de redes: “Não tem como imaginar a discussão sem envolver a sociedade como um todo. Atores não governamentais têm tido presença avassaladora nos eventos, participando, pautando e interagindo com negociadores”.

O especialista apontou que a COP27 trouxe luz para o reconhecimento de que os países com as maiores emissões de carbono são responsáveis por cuidar dos que mais sofrem perdas e danos e que esse reconhecimento tem implicação importante do ponto de vista político e jurídico: “Aí se chega aos setores e grandes empresas que atuam nesses países e aos conselhos de administração. Essa questão traz à tona a litigância climática - a responsabilização pelo aquecimento global, que cai sobre executivos e membros de governança”.

Marina Grossi, por sua vez, falou sobre a atuação do CEBDS que leva estratégias às empresas, governo, sociedade organizada e lideranças ambientais. Disse que o Conselho trouxe às empresas consciência que a união é a chave para a transformação efetiva. Ao destacar que o tema governança climática é bom para o Brasil, ela lembrou que em nenhum outro país a biodiversidade e o clima estão tão juntos quanto aqui e que pela primeira vez vê os temas a serem tratados transversalmente no governo: “Essa mudança é oportunidade de negócios para o Brasil, que não tem o problema de geração de energia e sim com o gás metano, o mau uso da terra, o desmatamento ilegal. Isso nos facilita as parcerias. Essa é uma agenda de estado e não de governo”.

Marina Grossi afirmou ainda que no caminho da sustentabilidade, apesar de as empresas hoje não terem como chegar ao netzero, é necessário criar um ambiente regulatório que permita soluções, além da tecnologia disruptiva, por exemplo.

José Pugas reforçou a atuação dos investidores na temática eventos climáticos ao salientar que nos anos 2000, nos EUA, o trabalho das empresas sobre o tema era punido por investidores: “Hoje, os investimentos começam a ser essenciais não somente pela responsabilidade climática, mas porque o investidor não gosta de perder dinheiro. E como manter e gerar valor para as empresas? Mantê-las competitivas ambiental, climática e socialmente falando”.

O executivo afirmou que as empresas precisam ter competitividade climática sustentável: “O olhar mais profundo do setor financeiro em relação às mudanças climáticas e a regulação do mercado de carbono resultam em mais investimentos em mercado de carbono”.

No final do painel ficou a certeza, entre os cerca de 70 participantes, de que o Brasil tem mais oportunidades do que desafios em relação à meta netzero.


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