A inserção feminina nos conselhos tem sido muito debatida atualmente e é vista como um dos pilares da governança corporativa. Não por acaso, o
Programa Diversidade em Conselho - iniciativa conjunta do IBGC com B3,
International Finance Corporation (IFC), Spencer Stuart e WomenCorporateDirectors (WCD) - foi destaque no programa Live do Valor da sexta-feira (12/02).
O debate contou com a presença da coordenadora do Programa Diversidade em Conselho, Adriana Muratore. Adriana lembrou que em 2018 o Fórum Mundial declarou que caso houvesse uma equidade de remuneração entre mulheres e homens, seria aportado ao PIB mundial cerca de US$ 28 trilhões por ano. “Então, pensar no aumento da diversidade é pensar no seu impacto para a aceleração de crescimento e da expansão da econômica global”.
Diversidade é pilar para ASG
Ela reforçou outros dois pilares que, de cara, também justificam trazer mais mulheres aos conselhos de administração das empresas. Um deles é a aquisição de conhecimento para uma melhor tomada de decisão, pois permite visões de ângulos distintos sobre um mesmo tema.
O outro pilar citado por Adriana é a necessidade de aumentar a velocidade da implementação dessa diversidade. "Essa urgência é trazida pelo cenário de protagonismo das pautas ASG (ambiental, social e governança) nos boards”, complementou.
Adriana, que também é sócia da Actavox, lembrou que o objetivo do Programa Diversidade em Conselho é ampliar o fórum de exposição das profissionais mulheres que, embora qualificadas, ainda têm acesso incipiente às vagas nos conselhos de administração.
Recorte racial da diversidade
Sob a moderação de Bárbara Bigarelli, repórter de carreira do Valor Econômico, o debate contou ainda com a presença de Lisiane Lemos, co-fundadora do Conselheira 101. Para Lisiane, a discussão a respeito do desafio de atrair e manter mais mulheres ocupando cargos estratégicos dentro das corporações deve ir além da questão de gênero.
O último
estudo da Spencer Stuart aponta 11,5% de mulheres ocupando cargos de membros de conselhos nas 500 maiores empresas brasileiras. Mas essa participação cai consideravelmente quando se faz um recorte racial. A quantidade de mulheres negras e fora do eixo Rio-São Paulo é insignificante ainda nos conselhos de administração.
“Isso fica evidente quando identificamos somente duas mulheres negras ocupando posições de conselheiras em empresas de capital aberto no país”, disse Lisiane, referindo-se a Cristina Pinho, conselheira na Ocyan, e Rachel Maia, na Soma. Lisiane reconhece, no entanto, um aumento de demanda das empresas por mulheres e de mulheres em busca de formação para ocuparem esses cargos.
Mulheres se preparam
“Tenho visto as mulheres se associando ao IBGC e fazendo formações voltadas para conselhos”. Para ela, essa busca também reflete o fato de que, em comparação aos homens, o mercado exige uma formação tradicional muito maior e uma preparação mais ampla das mulheres para ocuparem esses lugares nos conselhos de administração.
Um desses programas procurados por mulheres é o Diversidade em Conselho, que tem como objetivo principal ampliar a diversidade em conselhos de administração nas empresas nacionais. Na prática, a iniciativa promove a troca de experiências, aprendizado e fortalecimento de network – além do apoio de profissionais com atuação em conselhos como mentores ou mentoras.