Mulheres ocupam 14,3% das posições em conselhos no Brasil

Especialistas celebram avanços nos últimos cinco anos, mas alertam para aceleração de melhores práticas que aumentem esse índice

  • 26/08/2021
  • Gabriele Alves
  • Diversidade

De acordo com a pesquisa Brasil Board Index 2021, desenvolvida pela empresa de consultoria Spencer Stuart, as mulheres ocupam, atualmente, 14,3% das cadeiras dos Conselhos de Administração no Brasil contra 11,5% no ano de 2020. Os dados mostram ainda que 65% dos conselhos apresenta ao menos uma mulher em sua composição, cujo índice em 2020 era de 57%.

O mapeamento foi realizado com 211 empresas listadas na B3 em segmentos diferentes de governança corporativa: 164 empresas pertencem ao Novo Mercado; 21 empresas ao Nível 2, e 26 empresas ao Nível 1. Além da composição dos conselhos quanto à diversidade de gênero, a pesquisa também investigou os processos e a remuneração dos Conselhos de Administração.

Crescimento em meio ao período pandêmico

É possível identificar na pesquisa um quadro evolutivo com indicadores, do ano de 2015 a 2021, separados por temas. No tema “Novos”, em 2020, as novas conselheiras mulheres representavam 12,8% e este número passou para 19% em 2021. “Esse crescimento reflete o esforço de muitas organizações e muitas frentes engajadas com o tema da diversidade, então, temos que comemorar. Ele não é um passo natural, há muito estímulo e dedicação por traz dos números”, comenta Adriana Muratore, coordenadora do Programa Diversidade em Conselho, iniciativa do IBGC em conjunto com a B3, a International Finance Corporation (IFC), a WomenCorporateDirectors (WCD) e a Spencer Stuart.

Além disso, o crescimento surge em um período adverso, marcado pela pandemia de Covid-19, cujas implicações penalizaram ainda mais as mulheres que tiveram experiências, muitas vezes, marcadas pela perda de remuneração, sobrecarga de trabalho e até mesmo pelo enfrentamento às doenças físicas e emocionais.

“Os números são um alerta para mudar a velocidade”

Ao mesmo tempo, Muratore pondera que os dados destacados também acenam para melhorar as oportunidades e isso vai desde promover equidade salarial entre mulheres e homens, passando pelo fomento a um planejamento estratégico mais completo por meio da diversidade, até à decisão de dar mais velocidade às ações dos tomadores de decisão. “Qual é a velocidade que os executivos, os conselheiros, os investidores e os acionistas vão querer adotar em seus negócios para alinharem uma demanda do mercado e uma demanda da sociedade?  Os números são um alerta para mudar essa velocidade”, finalizou.

Neste sentido, o debate sobre a velocidade necessária às boas práticas para diversidade de gênero reflete também em dados da pesquisa sobre o cenário internacional. Somente 13,3% dos conselhos têm ao menos 30% de mulheres entre os membros no Brasil, enquanto a média mundial é de 46,8%. França e Noruega, por exemplo, saem na frente com percentuais, respectivamente de 96,7% e 96,%.

Para Fernando Carneiro, que lidera as práticas de Conselho e CEO da Spencer Stuart na América Latina e no Brasil, o cenário corporativo brasileiro ainda enfrenta muitas barreiras de conhecimento e de coragem para mudanças. “Há barreiras de conhecimento que impedem os avanços, mas também é preciso destacar a importância da regulação, tanto dos órgãos reguladores do mercado, mas também da legislação”, pondera Carneiro.

Para o especialista, que compõe a equipe responsável pela pesquisa na Spencer Stuart, esse ritmo de crescimento observado nos últimos cinco anos pode levar 30 anos até atingirmos a equidade. “Mas se não houver aceleração em alguns âmbitos, sobretudo em regulação, pode demorar muito mais”, conclui Carneiro.

Conheça o Programa Diversidade em Conselho (PDeC) clicando aqui.

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