Empresas têm de se preparar até para o imprevisível

Aprender continuamente é a estratégia dos vencedores, diz Paddy McGuinness

  • 19/11/2020
  • Equipe IBGC
  • Congresso

Em um mundo em transformação  —  e sob os impactos de uma pandemia global — , pessoas e corporações têm de se preparar para prever e responder a todo tipo de evento, até os de baixa probabilidade. O desafio foi proposto por Paddy McGuinness, conselheiro sênior no Grupo Brunswick, apontando uma nova tônica do discurso público. O advento da Covid-19 tinha baixa probabilidade e alto impacto, citou. “Para a opinião pública, foi aceitável que as empresas não estivessem preparadas para lidar com uma situação tão nova”, concedeu.

No entanto, a tolerância dos consumidores com o despreparo das companhias para enfrentar os novos riscos se esgotou. E eventos de baixa probabilidade também devem ser considerados riscos do negócio e têm que entrar nas contas dos gestores. Por isso, as melhores corporações já estão revendo as suas prioridades, afirmou o consultor, citando pesquisa junto a 400 CEOs de empresas de saúde nos Estados Unidos, China e Reino Unido. Antes do tsunami do vírus, que acelerou a transformação digital, as principais metas eram crescer e lucrar mais, além de se expandir geograficamente e chegar a novos mercados. 

“Mas, então, as prioridades de governança viraram de cabeça para baixo”, comentou McGuinness. Em julho deste ano, nas entrevistas, os líderes elegeram preocupações bem diferentes: encontrar a vacina e o tratamento para a Covid, melhorar a resposta e efetividade dos tratamentos e proteger dados e privacidade dos pacientes. São aspectos alinhados com um redirecionamento do olhar da sociedade, que passa a observar deveres, além de direitos, e busca mais assumir as responsabilidades do que culpar os outros.

Na inteligência de dados, por exemplo, a responsabilidade das companhias precisa ser reconhecida por ela mesma para que as informações sirvam a seus propósitos. “Os negócios terão de entender que sem o consentimento do público para agregar e consolidar dados protegidos, não há como tirar e agregar valor”, explicou.  

Dentre as reflexões que se desdobram na palestra, moderada por Marcelo de Giuseppe Toniolo, diretor de Riscos e Compliance da Cielo, a responsabilidade dos líderes para reagir e criar um ambiente, um caminho diante de crises ou disrupções ganhou ênfase. “Até os melhores negócios sofrerão ataques ou panes, principalmente por estarem apoiadas em seus legados tecnológicos. É preciso saber apontar os caminhos”, frisou o consultor. Por isso, destacou que as empresas e o líderes precisam se habituar a tirar lições e benefícios das novas situações, num processo contínuo de aprendizagem.  

E, quando fala em líderes, McGuinness se refere a todo o time, não apenas aos gestores de TI e ao setor financeiro. “No futebol, você precisa de todo o time em campo, não só um craque”, comparou, com bom humor. Da mesma forma, os gestores das mais diversas áreas não precisam ter conhecimento tecnológico de alto nível para se envolverem no tema, pois todas os departamentos estão sujeitos a riscos e precisam buscar inspiração para driblar as vulnerabilidades. 

As vulnerabilidades, apontou, frequentemente brotam no terreno do “legado” tecnológico e da falta de informações sobre a própria companhia e o ambiente externo. “Os CFOs olham pouco para os riscos que estão associados ao legado tecnológico. Do ponto de vista das contas do trimestre, um sistema que já está pagando e ainda está funcionando é um ótimo negócio”, comentou, para explicar: Mas, sem tem vulnerabilidades, pode trazer perdas.” 

Cabe às corporações serem responsáveis pelo que acontece com os dados dos usuários em uso dos seus sistema. “Caso a adesão aos serviços seja mais rápida do que a velocidade da empresa em explicar seus recursos, pode ser o caso de baixar o nível das funcionalidades, mesmo que tornando o aplicativo ou o negócio menos atrativo.”

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