Vivência Samaúma: conexão com a floresta e a bioeconomia

A ação possibilitou conhecer economias, modelos de negócios e sociedades mais sustentáveis na região amazônica

  • 14/06/2024
  • Angelina Martins
  • Chapter Zero Brazil

De 6 a 10 de junho, um grupo de associados do IBGC participou de ação inédita, a Vivência Samaúma, ocorrida na Amazônia. Organizada pelo IBGC e Chapter Zero Brazil, com a parceria da Academia Amazônia Ensina. A vivência foi iniciada um dia após o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), cujo tema de 2024 foi: "Acelerar a restauração da terra, a resiliência à seca e o combate à desertificação".

A gerente de impacto socioambiental do IBGC, Sandra Morales, aponta que o tema é um chamado urgente para restaurar a saúde do solo, fortalecer a resiliência das comunidades às secas e combater a desertificação: “Para nós, o grande objetivo da experiência na Amazônia foi a oportunidade de reflexão sobre possibilidades de negócios e economia sustentável, e a conexão com a floresta”, destacou.

Sandra avalia que, como em um círculo vicioso, a degradação da terra afeta a biodiversidade, a segurança alimentar e a saúde humana, tornando essencial uma ação coordenada e eficaz: “Dados da ONU mostram que 40% das terras do planeta estão degradadas, afetando diretamente metade da população mundial e ameaçando cerca de metade do PIB global (US$ 44 trilhões), enquanto o número e a duração das secas aumentaram em 29% desde 2000”, comentou.

Sobre a programação
A primeira parada foi a visita ao Museu da Cidade de Manaus (MUMA), que resgata a história da capital amazonense e do povo manauara. Na sequência, estiveram no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Já no Impact Hub Manaus, conheceram negócios de impacto que estão fazendo a diferença na região: Idesam, Café Apuí Agroflorestal, Navegam e ForestiFi. Houve, ainda, um jantar na residência da associada Ilana Minev, presidente do conselho de administração da Bemol.

O grupo teve a oportunidade de assistir uma masterclass sobre a perda dos serviços ecossistêmicos da Amazônia, conduzida pelo Prof Philip M. Fearnside, doutor pelo Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Michigan (EUA), Prêmio Nobel da Paz pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), e pesquisador titular do INPA – e vive há mais de 40 anos em Manaus (AM).

Sandra observa que, apesar da triste realidade vivenciada no planeta, e dos números e prognósticos, há, ao mesmo tempo, uma enorme janela de oportunidade para mudança de rota: “É isso que vimos na visita ao Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), que tem como objetivo impulsionar a atração de investimentos que fomentem o desenvolvimento científico e tecnológico local e nacional, a partir de iniciativas sustentáveis em biodiversidade na região”.

Seguindo a programação, ao navegar pelo Rio Negro, o grupo vivenciou práticas e a vida dos habitantes tradicionais da floresta; visitou o Museu do Seringal, a aldeia indígena Cipiá e as comunidades ribeirinhas Tumbira e Santa Helena do Inglês. Por fim, tiveram a experiência de nadar no Rio Negro com botos cor de rosa.

A experiência na Amazônia
por Sandra Morales, gerente de impacto socioambiental do IBGC

“A vivência percorreu uma jornada e à medida que avançava, entrelaçávamos os elos importantes, que íamos construindo através da partilha entre os membros do nosso grupo, após cada visita e interação com as pessoas únicas que conhecemos, trocando sensações, percepções, pontos de vista, inquietações e emoções.

Sentimos a energia, a força e a potência da floresta, que tem o seu próprio tempo e sua cadência. Nos permitimos abrir espaço para nos conectar e sentir a UNIDADE com a natureza – e não mais separação.

Entendemos que as pessoas que habitam a floresta devem estar no centro das discussões e decisões. Cada um dos diálogos que tivemos nos mostrou, com muita intensidade, a honra aos antepassados, a todos que vieram antes deles, sendo ponto-chave a transmissão do conhecimento - milenar em alguns casos - de geração a geração. Isso nos fez refletir sobre a nossa própria ancestralidade, sobre a sabedoria embutida nas falas, nas técnicas, nos processos, no entendimento da natureza de como ela é. Tudo isso só fortaleceu o pensamento de que todas essas pessoas devem ter seu papel de protagonista, e que são parte da solução.

Por fim, diante de tudo o que foi experienciado e sentido, como grupo nos colocamos a responsabilidade e o compromisso de atuar como agentes de mudança, para entrelaçar cada vez mais os elos, para que os diálogos, decisões e soluções tenham um olhar integral com as pessoas no centro, e com a floresta em pé”.

*Foto: Laryssa Ganett


Leia mais sobre o tema no livro publicado pelo IBGC em parceria com o Chapter Zero Brasil: Governança Climática no Brasil: Contexto e Desafios dos Conselhos de Administração, que reúne artigos assinados por organizações e profissionais líderes no estudo e promoção da sustentabilidade no Brasil, com experiência e conhecimento sobre a temática ambiental, social e de governança.

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