Riscos globais para 2025 fecha 10ª edição do Encontro de Conselheiros do IBGC

Com palestra de Mark Elsner, do Fórum Econômico Mundial, evento recebeu mais de 200 participantes e trouxe uma agenda focada em cenários de incertezas 

  • 09/04/2025
  • Victor Santos, Victoria Andrade e Gabriele Alves
  • Eventos

A 10ª edição do Encontro de Conselheiros do IBGC terminou em torno de temáticas-chave como: o papel dos comitês de assessoramento; planejamento estratégico; mudanças climáticas; e os riscos globais 2025. Todos esses tópicos importantes para os conselheiros foram posicionados, por vezes, em contextos de incertezas.

As trocas e reflexões ocorreram no Teatro B32, em São Paulo (SP) e de forma on-line no dia 09 de abril de 2025, das 8h às 18h. Passaram pelo evento mais de 200 conselheiros atuantes ou que já atuaram em conselhos, além de integrantes de comitês de apoio ao conselho. Abaixo, confira cobertura do Blog IBGC dos debates que aconteceram na parte da tarde.

Melhores práticas de relacionamento entre Comitês de Assessoramento e o Conselho

Mediada por Cristiane Correa, Advisor de Reputação e ESG, e membro do Comitê ESG do Grupo Fleury, a sessão contou com a presença de Andrea Rolim, Conselheira de administração das empresas: Dexco, Lojas Renner S.A. Coordenadora do Comitê de Cultura, Nomeação e Indicação de Fleury S.A, e José Rogério Luiz, Sócio-fundador ITU Partners Consultoria de Estratégia LTDA.

Questionada sobre a presença e evolução dessas instâncias nas organizações, Andrea destacou que sente, de fato, um avanço, e que “isso tem muito a ver com a maturidade das organizações, em termo de governança e negócios. Discussões em comitês têm sido determinantes para consolidar agendas dentro dos negócios”, pontuou.

Já José Rogério Luiz, trouxe uma perspectiva que revelou maior procura por esses comitês. A partir da pandemia, os comitês passaram a ter maior participação e a estarem presentes nos conselhos – tanto pela possibilidade de existirem de forma remota, quanto pela complexidade trazida por aquele momento. “Comitês ajudaram conselheiros a caminhar de uma forma mais adequada, em meio a esse cenário complexo”, lembrou.

Atualmente, de acordo com Andrea, entre as conversas que tem observado em comitês “tem-se procurado conselheiros que sejam mais detalhistas e hands-on, que entrem mais nas discussões do negócio junto ao management”. E frisou que uma das funções centrais de um comitê é dar suporte para garantir condições de executar a estratégia. “A maior força que a gente tem quando estamos sentados nesses fóruns é garantir o debate. Você não decide, mas pode recomendar ao conselho, então você tem um papel bem relevante, sim”.

Nas palavras de José Rogério, “em alguns momentos, para destravar algumas coisas, você precisa de certos conhecimentos específicos, e comitês são um ambiente fabuloso para isso – desde que tenham uma formação e uma formatação correta”.

Planejamento estratégico nos conselhos

Para debater sobre planejamento em um período de incertezas e mudanças disruptivas, foi a vez de Claudia Ferris, membro do conselho de administração da B3, do Comitê de Auditoria da B3 e do Comitê de Pessoas da Senior e Bernardo Parnes, sócio fundador e CEO da Investment One Partners falarem sobre o assunto no painel “Planejamento estratégico nos conselhos” que contou com a moderação de Roberto Fantoni, sócio sênior da McKinsey & Company.

“Eu tenho um processo que trabalha e traz valor para a companhia?”, iniciou Claudia Ferris com essa indagação. O processo de planejamento, segundo a conselheira, tem que dar abertura junto ao management a fim de criar discussões em torno do que é o core, explorar o que dá para agregar e abrir discussões para a chamada borda. “Quando se faz essa provocação durante o planejamento estratégico você começa a ter adaptabilidade para conseguir fazer ajustes e mudanças”, enunciou.

Sobre perfis diversos e tecnologia nos conselhos, Bernardo Parnes mencionou a importância a adaptabilidade como ponto-chave. “Deve haver uma sinergia entre os conselheiros, é importante ter uma complementaridade em qualquer que seja o setor. Antigamente não era algo comum ter uma pessoa especializada em tecnologia em um conselho, era um nice to have e hoje em dia é um must have porque isto mudou a dinâmica do mundo”, elucidou o CEO.

“Ser conselheiro não é uma carreira, é uma dedicação”, Claudia pontuou ao falar sobre a importância de ter valores alinhados aos da companhia; a conselheira trouxe ainda o debate para um viés mais específico: o da sustentabilidade. “O que você abre mão ou não em um momento de crise? Esta convicção deve te reger para você conseguir seguir o seu posicionamento da forma correta no momento de fazer investimentos”, complementou.

Mudança climática: qual é o papel do conselho?

A 10ª edição do Encontro de Conselheiros também apresentou debates sobre mudanças climáticas – uma temática que é urgente por si só, e que atualmente têm recebido muita atenção no noticiário por conta de questões geopolíticas. Com moderação de Maria Netto, Diretora Executiva do Instituto Clima e Sociedade, o painel contou com Clarissa Lins, Sócia fundadora da Catavento, e Ricardo Carvalho, membro do conselho da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), e presidente do conselho do Instituto Votorantim.

De acordo com Clarissa, “os últimos anos apresentaram um impulso grande em investimentos em renováveis e descarbonização, mas de um ano e meio pra cá, quando business cases não conseguiram ficar de pé por falta competitividade em tecnologias de baixo carbono, a conversa ficou mais difícil”.

Isso, aliado à saída de cena dos EUA nessas discussões, com o país colocando grande ênfase na sua segurança energética, em detrimento da transição energética. “Não há mais uma direção clara e certa, está tudo muito incerto. Portanto dever fiduciário do conselheiro torna-se ainda mais complexo, passamos a ter que entender o mundo como pode vir a ser. Na área de energia, por exemplo, hoje a tendência é olhar para todas as fontes energéticas e, na medida do possível, garantir suprimentos”.

Dentro desse mesmo contexto da área da energia, Ricardo destacou que “o mundo vai continuar investindo em renováveis, e isso não pode parar”. No caso do nosso país, ele explica que o Brasil tem uma qualidade e um ponto de atenção.

“Ele é conhecido por ter uma energia com geração de baixo custo; mas de preço final caro. Ou seja, isso traz impedimentos para o desenvolvimento da nossa indústria”. Com isso, ele reforça que é fundamental que os conselhos impulsionem discussões para transformar esse atributo em produção de riqueza. “A energia limpa pode gerar muito mais se for parte integrante de cadeias de valor agregado”, concluiu.

Fórum Econômico Mundial: riscos globais 2025 e os impactos para o conselho

Para encerrar o evento, Mark Elsner, líder da Iniciativa de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial, subiu ao palco para apresentar e debater o relatório que dá nome ao painel.

Inicialmente o líder apresentou dados mais quantitativos da publicação como, por exemplo, a metodologia utilizada. Em seguida, Mark apresentou as percepções do estudo, destacando que foram analisados 33 riscos. Ele observou que a percepção dos riscos muda ao longo do tempo e varia significativamente entre regiões do mundo.

A interconexão de riscos também foi um ponto importante de sua fala. “Os riscos sociais como desigualdade e polarização social são os que estão mais interconectados, ou seja, estão bem no centro”, declarou. Mark destacou que a mitigação de um desses riscos interconectados pode gerar um efeito positivo em cadeia, melhorando outros riscos.

A geopolítica atual torna quase impossível não relacionar grandes eventos à avaliação de riscos globais em 2025. O relatório elenca um ranking de dez riscos de 2025 e, segundo os respondentes da pesquisa, o de conflito armado é o que mais preocupa. “Dois anos atrás, conflito armado de origem governamental não estava nem nos primeiros dez colocados, então isso nos mostra como o mundo mudou — e, infelizmente não é para melhor”, apontou.

O líder encerrou o painel expressando seu desejo sincero para que o mundo se torne um lugar melhor, inspirando mudanças positivas globais e com a mitigação dos riscos.

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Foto: Hara Fotografia

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