Apesar das intenções com a pauta de diversidade e inclusão serem crescentes nas organizações, as ações efetivas sobre o tema ainda estão distantes, sobretudo do âmbito da alta gestão, em diretorias e conselhos de administração. Enquanto 80% dos respondentes disseram considerar a pauta importante para a organização, 77% do total disseram não ter metas para ampliar a atuação de pessoas negras, seja no conselho ou na diretoria. Cerca da metade das empresas diz também não ter metas para a participação de mulheres, seja na diretoria (51,9%) ou nos conselhos de administração ou consultivos (56,1%).
Os dados são da pesquisa “Diversidade de Gênero e Raça nas Lideranças Organizacionais”, realizada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), o Sistema B e a ABRH-SP - lançada durante o Fórum Inclusão e Diversidade, da ABRH-SP no dia 19 de outubro de 2021.
Discurso X Prática
Entre os principais achados da pesquisa, cuja amostra contou com 86 empresas de diferentes portes, tipo societário e setor de atuação, está o fato de que discurso e prática ainda precisam ser alinhados segundo a análise.
“O estudo ressalta que, do ponto de vista das intenções, o cenário não é ruim, mas ainda há muito a ser feito para avançarmos de fato nessa pauta, especialmente em relação às lideranças. É preciso colocar em prática ações que efetivamente viabilizem e fomentem uma maior diversidade nas diretorias e conselhos. As lideranças têm papel fundamental na articulação da agenda de diversidade, inclusão e equidade e precisam dar o exemplo, ser o tom que vem do topo e conectá-la à estratégia da organização”, comenta Luiz Martha, gerente de pesquisa e conteúdo do IBGC.
Como empresas tratam o tema
Outros dados que chamam atenção é que 88% das empresas possuem uma política de RH, a proibição à discriminação está presente em 88% delas, a promoção à diversidade em 72%, e a inclusão de grupos minoritários ou sub-representados, em quase 45%. Dos 86 respondentes, metade diz que esses programas de diversidade e inclusão estão presentes em sua política e 54,7% tem uma área ou profissional responsável pelo assunto.
“A pesquisa, nos permitiu identificar como a temática da diversidade está sendo tratada pelas organizações e assim, permite avaliar a real conscientização e o grau de engajamento das empresas através de seus líderes na inclusão da diversidade. Este tema é fundamental para os gestores de pessoas, a sociedade como um todo e tem impacto no mundo inteiro. Os profissionais de RH têm muito trabalho para fazer desenvolver a mentalidade inclusiva. Existem muitos caminhos e muitas perspectivas", completa Guilherme Cavalieri, presidente da ABRH-SP.
Contudo, o estudo revela que ainda é preciso que uma série de ações sejam implementadas para que possamos ver conjuntos de lideranças mais diversas e múltiplas. Mais de 70% das empresas participantes da pesquisa dizem ter programas para a formação de lideranças, mas 40% delas dizem não considerar nenhum critério de diversidade para a escolha dos profissionais que vão fazer parte deles.
"Muito se tem discutido sobre ESG, que é um tema diretamente conectado com a nossa pesquisa. É extremamente importante que o tema diversidade entre na pauta das empresas, mas precisamos que ele esteja conectado à estratégia da organização e saia mais do papel", explica Francine Lemos, Diretora Executiva do Sistema B Brasil.
A pesquisa completa pode ser acessada no Portal do Conhecimento do IBGC,
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