As empresas precisam adotar novos indicadores de desempenho (KPI, na sigla em inglês), que traduzam o ganho de valor de negócios inovadores, recomendou Paulo Sérgio Silva, founder e partner da RockOn Advisors e conselheiro, na palestra de abertura do 7º Encontro de Conselheiros do IBGC. O desafio é mudar o conceito de desempenho para a era digital. Olhar somente o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortização) não traduz o ganho de valor de médio e longo prazos gerados pela transformação digital. “Fórmulas financeiras tradicionais não deixam a nova organização evoluir”, afirmou Silva. O fluxo financeiro negativo de uma startup, que consome recursos de caixa sem gerar lucro, por exemplo, poderia ser considerado um indicador desfavorável em uma empresa tradicional. Porém, na era digital, isso não é impeditivo para atração de investimentos de fundos de venture capital ou de private equity.

Outro desafio das empresas no mundo digital é rever o modelo organizacional, que segundo Silva, é demasiadamente hierarquizado e compartimentado. Esta estrutura pode comprometer a inovação. “As áreas conversam pouco para resolver os problemas complexos no mundo digital”, disse. Neste modelo, é comum, as empresas esperarem que a área de tecnologia seja o agente da inovação, mas a transformação deve estar presente em toda a companhia. “As diferentes áreas devem dar contribuição para resolução dos problemas, integradas entre si”, recomendou.

O modelo de governança precisa se adaptar para que possa capturar essa geração de valor de formato não tradicional e tomadas de decisão de forma menos vertical. “O conselho de administração precisa mudar o modelo mental e pensar novas maneiras de resolver os problemas”, disse Silva.

O 7º Encontro de Conselheiros é uma iniciativa do IBGC e tem o patrocínio da B3, KPMG, Bradesco e Itaúsa, além do apoio da Mediastream e do WomenCorporateDirectors (WCD).