Governança corporativa é um processo evolutivo

Inovação nas empresas depende de conselhos de administração também dispostos a se renovar 

  • 25/11/2020
  • Ana Paula Cardoso
  • Congresso

O avanço da governança corporativa foi um dos temas abordados na quarta-feira (25), durante o quarto ciclo do 21º Congresso IBGC, que traz o tema “Governança ao redor do mundo. Organizado pelo Núcleo Campinas do IBGC, a primeira plenária trouxe convidados experientes em suas atuações como empresários, conselheiros ou consultores para tratar da evolução da governança na região que engloba o interior de São Paulo. Na sequência do dia, destaque para a sessão "A governança ameaça a inovação?", trazendo insights provocativos sobre até que ponto estruturas de governança corporativa engessam os processos de transformação das empresas. Confira a seguir as principais abordagens das plenárias, todas da trilha "Governança que Inclui". 

Evolução

Uma pesquisa que a KPMG fez com empresas familiares do interior de São Paulo aponta que cerca de 90% das companhias ouvidas no estudo consideram entre relevante e crucial o impacto da transformação tecnológica em seus negócios. Os dados foram apresentados por Jubran Coelho, sócio-líder de Private Enterprise da KPMG no Brasil e na América do Sul, como amostra do estudo completo, a ser divulgado em dezembro. 

Coelho contou que uma das perguntas feitas no questionário, aplicado quando a pandemia da Covid-19 já tinha começado, foi “qual a sua maior preocupação atual?”. "Uma das palavras mais usadas foi disrupção". Ainda segundo a pesquisa,  80% das empresas do interior de São Paulo consideram importante ou muito importante adotar boas práticas de governança corporativa como. 

O resultado vai ao encontro da experiência de Sueli Noronha Kaiser, fundadora e presidente do Conselho do Grupo Cene. A empresa de Sueli se estabeleceu na região há 30 aos como um pequeno negócio familiar. Hoje é uma das líderes do segmento de serviços de saúde e home care no Brasil.  

Para ela a governança é um processo evolutivo, mas é preciso começar o quanto antes. Sueli admite ter estranhado no começo. Não é fácil ao fundador ceder a cadeira de comando. “Logo ficou muito claro como a empesa de beneficia. Ficou mais organizada e ganhou visão mais ampla sobre novas oportunidades de negócio”.

A sessão teve ainda a participação de Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, contribuindo com um panorama sobre como a tecnologia tem trazido perspectivas de inovação no setor de agronegócio.  Kleber Gomes, CEO da Ourofino Saúde Animal, também contou sua experiência de governança no laboratório de produtos veterinários. 

Fernando Aguirre, sócio da KPMG, Coordenador-Geral do IBGC para o Interior de São Paulo, participou como moderador do debate.

Inovação inclui governança

Pode a governança corporativa engessar o processo de inovação de uma empresa?  A resposta está no comportamento dos conselheiros. Há momentos nos quais a empresa pede a renovação dos próprios conselheiros. “Então, não pode ter ego. O conselheiro precisa saber quando sua contribuição não é mais pertinente à empresa. Inovação inclui a governança”, disse Mariano Gomide, cofundador e CEO da VTEX.

Gomide foi além na provocação. Segundo ele, excesso de harmonia nas reuniões de conselho de administração pode atrapalhar. “O conflito em discussões de alta performance traz valores fundamentais para companhia”, acrescentou.

Ana Paula Pessoa, sócia, investidora e presidente do conselho da Kunumi AI, startup de inteligência artificial brasileira, concorda que tem que haver conflito entre conselheiros, mas de maneira construtiva. “Conselheiro não é um palpiteiro. Ele não precisa ser expert, mas precisa estudar os temas e ouvir. Suas provocações devem trazer reflexões que levem a soluções”. 

Uma das maneiras de construir o ambiente provocativo mencionado por Gomide e ao mesmo tempo construtivo, como recomendou Ana Paula, é compor conselhos mais diversificados. Mesclar profissionais experientes com jovens. Misturar etnias e gêneros. 

Ana Dutra, conselheira corporativa do CME Group, Eletrobras, Harvest Inc., entre outras, lembrou que que diversidade não é somente ter um número de pessoas diferentes. E sim garantir que todas as ideias sejam bem recebidas. “Diversidade sem inclusão e paridade de participação nada adianta”. 

O painel contou com a moderação de Juliana Buchaim, gestora e sócia da Sumauma Capital, conselheira de empresa, mentora de startups e membro da Comissão de Inovação do IBGC


O 21º Congresso IBGC acontece entre 3 e 27 de novembro e conta com patrocínio de KPMG, B3, Brunswick, Diligent, Bradesco, Cielo, Domingues Advogados, INNITI, Itaúsa e Nasdaq MZ. Para saber mais, acesse aqui 

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