Governança no Centro-Oeste “nosso papel é colocar sotaques e regionalismos na comunicação”

Coordenador do Capítulo Brasília/Centro-Oeste do IBGC fala sobre desafios para expansão da governança corporativa na região central do Brasil

  • 16/08/2022
  • Angelina Martins e Gabriele Alves
  • Bate-papo

O Núcleo Brasília, oficialmente criado em 2020, e promovido a Capítulo Brasília/Centro-Oeste em 2021, nasceu pela crescente necessidade de apoio do IBGC às empresas da região central do Brasil. Com diferentes especificidades em relação à governança corporativa, a macrorregião Brasília/Centro-Oeste é marcada pela agropecuária, pela presença de empresas familiares e startups, além naturalmente das empresas estatais em Brasília, sendo responsável por reunir um público diversificado. Além disso, trata-se de uma região responsável pelo 4º PIB do Brasil e que congrega o maior número de associados pessoa jurídica do IBGC, depois de São Paulo.

Para o coordenador-geral do capítulo, Antônio Bizzo, atuar em uma região como esta denota a responsabilidade de compreender as heterogeneidades do espaço e reconhecer que a maturidade em governança corporativa é variada. Ao Blog IBGC, Bizzo deu mais detalhes sobre o ecossistema empresarial da região, comentou a importância de comunicação com as microrregiões da localidade e destacou os planos futuros do capítulo junto aos agentes de governança locais. Confira o bate-papo a seguir:

Blog IBGC: Como se deu o processo de estruturação do capítulo tendo em vista que as atividades iniciais foram marcadas pelos momentos mais críticos da pandemia da Covid-19?
Antonio Bizzo: Começamos promovendo vários eventos on-line na região enquanto Núcleo, até chegarmos à estrutura de Capítulo. É interessante destacar que somos fruto da pandemia. Então, ao longo de 2020 e 2021 não tivemos nenhum evento presencial. Mas agora, em um novo momento, isso tende a mudar. Temos um grande potencial na região. O Distrito Federal e Goiás, por exemplo, têm muitos associados e empresas que conhecem o instituto. Desde que iniciamos os trabalhos, o número de associados cresceu. Em 2021, relatório do instituto mostrou a ampliação dos associados do capítulo em 30% (pessoa física) e 42,9% (pessoa jurídica). Temos a maior quantidade de associados pessoa jurídica fora de São Paulo, sede do IBGC. Além de sermos a segunda maior base de certificados e termos um grande número de treinamentos in company. É um processo de estruturação que tem avançado positivamente.

Como você avalia a governança corporativa das empresas da região?
São duas realidades diferentes no nosso capítulo. A primeira se relaciona bastante à realidade de Brasília, marcada pela presença de grandes empresas, parte delas associadas do IBGC, e que vêm evoluindo pela proximidade com o capítulo. Mas há uma outra realidade que é a das regiões um pouco mais distantes. Nesta segunda perspectiva, falamos com associados e representantes de empresas de setores diversos, como alimentação, farmacêutica ou agronegócio e que têm diferentes entendimentos sobre governança. Tratam-se de atores que estão começando a absorver o conjunto de informações, treinamentos e eventos do instituto. Para se ter uma ideia, promovemos dez eventos no ano passado, com a participação de aproximadamente 400 pessoas. Trata-se de um trabalho contínuo para sensibilizar representantes da região. Formamos inclusive uma frente de interiorização para desenvolver pontos focais e divulgar a governança em entidades de classe, federações, associações e empresas.

Há alguma particularidade que você destacaria neste esforço?
A região reúne um conjunto muito grande de empresas de capital fechado, com o desafio da implantação da boa governança. O instituto, nesse sentido, aparece como um referencial isento. Estamos contatando as empresas associadas para atualizar seus vinculados e propagar as mensagens do instituto: da gerência ao corpo técnico, a fim de difundir as boas práticas de governança, inclusive, empresas interessadas em aderir à Agenda Positiva do IBGC já nos procuraram. Assim, percebe-se a demanda pelo trabalho do instituto. Outro ponto que eu destacaria tem a ver com a pandemia, que contribuiu para desatrelar de São Paulo algumas ações e expandir ainda mais a atuação do instituto. Foi possível participarmos de cursos e eventos online a distância. A utilização da tecnologia foi fundamental para interiorizar o instituto, fazê-lo mais conhecido, mais relevante e mais palpável às pessoas e empresas.

E quais são os planos para elevar o nível de governança corporativa na região?
O plano de divulgação do capítulo vai ao encontro do interesse dos governos de muitas cidades em promover projetos de desenvolvimento econômico e empreendedorismo, de atrair novas empresas e negócios, melhorando o padrão de organização do empresariado local. O IBGC, atualmente, faz a comunicação geral com nossos associados, por meio da produção de pesquisa, cursos, eventos, comissões, publicações e canais como o blog. Mas a comunicação microrregional também é importante, porque o associado precisa sentir a relevância da governança corporativa no seu mundo, no seu ecossistema. E o nosso papel, enquanto capítulo, é colocar sotaques e regionalismos na comunicação e na transmissão de valores do instituto. Por isso, repensamos inclusive o nome do nosso capítulo. Deixamos de ser Brasília para nos tornarmos Brasília/Centro-Oeste. Importante ressaltar que Tocantins e Rondônia configuram como região Norte, mas estão integrados ao Centro-Oeste do ponto de vista das conexões culturais e do próprio agronegócio. E, para isso, temos o respaldo de cinco coordenações estendidas, com foco em: Organização e Governança, Área Acadêmica, Diversidade e Interiorização, Apoio ao Comitê Coordenador e Inovação e Startups.

Quais são as suas expectativas futuras trabalhando na coordenação do capítulo?
Sempre falo que uma medida de sucesso é conseguir perder a nossa jurisdição. Hoje, ela é composta por Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Rondônia. Mas Goiás, por exemplo, é um estado que cresce muito em participação no instituto e tem muita chance de se transformar em um Núcleo, isso seria um passo a mais na interiorização da causa da boa governança. Esperamos expandir cada vez mais este trabalho.

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