Confira o guia sobre normas de sustentabilidade IFRS S1 e S2

A publicação do IBGC e Chapter Zero Brazil destaca a responsabilidade de conselheiros na divulgação dessas diretrizes

  • 03/09/2024
  • Angelina Martins
  • Eventos

Cerca de 500 pessoas participaram do evento de lançamento do “Guia para Conselheiros: Normas de Sustentabilidade IFRS S1 e S2" , realizado pelo IBGC e Chapter Zero Brazil, no dia 29 de agosto, em formato híbrido. Na oportunidade foram discutidas a importância e a adequação das companhias às novas normas IFRS S1 e S2 e a responsabilidade de conselheiros e demais agentes de governança na divulgação de tais regulamentações relacionadas a sustentabilidade e clima.

O guia pretende que conselheiros acompanhem, opinem e validem as diversas etapas de elaboração dos relatórios referentes às informações pré–financeiras e financeiras relacionadas à sustentabilidade, conectadas às demonstrações financeiras. Quer também aumentar a consciência sobre a importância da responsabilidade fiduciária sobre as informações não financeiras publicadas.

A abertura do evento teve a presença de Deborah Whrite, presidente do conselho de administração do IBGC que, após falar sobre a relevância da publicação, reafirmou a força do voluntário do instituto: “Esse grupo de trabalho fantástico foi pioneiro no desenvolvimento deste trabalho, colaborando para que os conselhos de administração estejam preparados para a implementação dessas regras em suas organizações”.

Na sequência, Valeria Café, diretora-geral do IBGC, contextualizou que juntas, as organizações da sociedade civil podem colaborar fortemente para que o tema ESG seja visto como responsabilidade, e que as informações das empresas sejam divulgadas com transparência e equidade: “Temos agora no instituto um guia elaborado com a curadoria de Gabriela Blanchet, coordenadora do Chapter Zero Brasil, Vânia Borghetti, vice-coordenadora de Relações Internacionais do CBPS, e demais voluntários trabalhando para que o IBGC fosse pioneiro no lançamento desta publicação”.

Ao parabenizar a CVM por fazer do Brasil o primeiro país do mundo a implementar essas normas, Valeria afirmou: “Temos aprendido muito nesta jornada com os representantes da sociedade civil, trabalhando juntos para educar e treinar sobre as normas de sustentabilidade S1 e S2”.

As Normas IFRS 1 e 2 foram definidas pela International Financial Reporting Standards (IFRS) e emitidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB) e, por meio do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), o Brasil tornou-se o primeiro país a adotar as novas normas chamadas de CBPS 1 e 2.

Estiveram presentes como palestrantes: Alexandre Pinheiro, superintendente geral da CVM; Edna Holanda, coordenadora da Comissão de Mercado de Capitais do IBGC; Gustavo Lucena, vice-presidente do Grupo OLX; Lucia Casasanta, conselheira e coordenadora de comitês de auditoria e sustentabilidade; Ricardo Carvalho, conselheiro da CBA; Vânia Borgerth, vice-coordenadora de Relações Internacionais do CBPS; Adriana Caetano, conselheira e membro de comitês de auditoria e de sustentabilidade; Edilson Paulo, docente/pesquisador na UFSC e membro do CBPS; Kieran McManus, sócio da PwC.

A moderação dos painéis foi conduzida por Gabriela Blanchet, coordenadora do Chapter Zero Brazil, e Daniela Manole, vice-coordenadora da Comissão de Sustentabilidade do IBGC

No encerramento do evento, Luiz Martha, diretor de Conhecimento e Impacto do IBGC ressaltou que o conselheiro tem papel fundamental de incentivar a integração de riscos e oportunidades de sustentabilidade em toda a gestão para que a empresa divulgue informações transparentes e comparáveis ao mercado e partes interessadas.  E convidou os presentes a conhecerem o curso “Riscos ESG e Comunicação com o Mercado: Os desafios das IFRS S1 e S2”, que apoia conselheiros e executivos c-level na compreensão e gerenciamento de riscos associados aos aspectos ambientais, sociais e de governança, de forma transversal e sistêmica.


Algumas considerações de painelistas:

“O guia apresenta conteúdo relevante e atual e ferramentas para que o assunto se torne pauta constante do calendário dos conselhos, para que acompanhem e validem as etapas dos relatórios. A publicação não ensina a fazer relatório, que cabe às áreas de sustentabilidade e contábil, que vão precisar cada vez mais interagir e os conselheiros precisam estar preparados para isso. É, sim, responsabilidade do conselho acompanhar, questionar e solicitar essas informações financeira e pré-financiaras relacionadas à sustentabilidade” - Gabriela Blanchet.

“Um cuidado que precisamos ter é que a experiência e conhecimentos maiores são positivos, mas fazem com que a gente, muitas vezes, olhe para o novo buscando aquilo que já conhece, que já sabe se pode ou não funcionar. Mas temos que ter humidade em reconhecer que isso não será suficiente para lidar com a nova realidade. É verdade que membros de conselhos de administração e demais stakeholders, por exemplo, continuam tendo o dever de agir com diligência em temáticas como sustentabilidade e ESG, de acordo com orientações e práticas, mas devem prosseguir se qualificando e informando para a tomada de decisão informada e refletida nas companhias que atuam, inclusive com juízo crítico e afinado" -  Alexandre Pinheiro.

“O mote principal da mudança está vinculado à estratégia e nós, que militamos em riscos há muito tempo, temos a oportunidade única de ganho de maturidade na gestão de riscos, que normalmente é muito intuitiva e isso sempre vira algo pouco estruturado. Esta é mais uma oportunidade que temos de ganhar maturidade na gestão de riscos, introduzindo os aspectos de sustentabilidade (S1) e de mudança climática (S2) e outros que estão por vir. Isso é só a base de um arcabouço muito maior que está chegando. O conselho mais uma vez tem a oportunidade de chamar para si toda a orientação efetiva da gestão de risco, agora focada nesse tema. O conselho não executa, mas é peça fundamental na elaboração da estratégia” - Lucia Casa Santa.

“Hoje, as empresas não reclamam mais de publicar relatórios de controles contábeis, porque ao longo dos anos eles as ajudam a terem visão do negócio que permite melhor gestão e acompanhar externalidades do negócio. Mas estamos vivendo um novo paradigma nesse mesmo sentido, só que com o olhar para a sustentabilidade. É criar estrutura que permita decisões com pensamento integrado, com condições de pesar não só o financeiro. E para isso precisamos que empresas usem o período de voluntariedade que a CVM constituiu, porque não é só o mercado brasileiro que precisa aprender e não existem modelos de IFRS S1 e S2 no mundo. Precisamos educar analistas, gestores, reguladores. E toda a empresa que divulgar seus relatórios estimula outras, o que vai nos ajudar a chegar em 2026 com nível de maturidade maior. É implantar olhando para dentro e conhecendo a própria realidade” - Vânia Borgerth.


Acesse este link e acompanhe todos os painéis e discussões ocorridos durante o lançamento do “Guia para Conselheiros: Normas de Sustentabilidade IFRS S1 e S2".

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