Pauta de comitês de auditoria deve ir além da financeira

Velocidade de inovação do mundo atual exige outras competências de conselhos. E exemplo pode vir de startups

  • 24/11/2020
  • Ana Paula Cardoso
  • Congresso

O quarto ciclo do 21º Congresso IBGC, dedicado ao tema “Governança ao redor do mundo”, contou com duas sessões na terça-feira (24), ambas na programação Governança que inclui. O primeiro debate divulgou o lançamento da certificação de membros de comitê de auditoria, com a presença de convidados internacionais como John Veihmeyer, membro do comitê de auditoria da Ford, e Paul Sobel, presidente do conselho de administração do COSO, que discutiram sobre como garantir a eficácia do comitê de auditoria como órgão de assessoramento ao conselho. Na sequência do dia, o tema foi inovação. E trouxe as experiências de startups ao redor do mundo como narrativa para a sessão "Da ideia ao unicórnio: governança corporativa para startups em diferentes culturas - Brasil, América latina, Vale do silício e Israel". Confira os destaques das plenárias a seguir.

Novos controles do comitê de auditoria

A partir do dia 30 de novembro o IBGC passa a oferecer a certificação para membros de comitês de auditoria. "É importante destacar que a certificação do IBGC não é uma coisa estanque. Quem se certifica é obrigado a obter renovação a cada três anos”, disse conselheira certificada pelo IBGC e moderadora da sessão “Garantindo a eficácia do comitê de auditoria como órgão de assessoramento ao conselho”. Ela lembrou ainda que o benchmark  de comitês de auditoria são os presentes em empresas americanas, que têm abordado a ampliação do foco de controle desse órgão de controle de administração.

“Os riscos não financeiros serão os novos horizontes do comitê de auditoria”, disse John Veihmeyer, membro do comitê de auditoria da Ford.  Ele fez menção às questões como crimes cibernéticos, agenda ASG e reputação da marca como elementos a serem monitorados pelos membros do comitê de auditoria atualmente.

Essa linha de raciocínio foi reforçada por Paul Sobel, presidente do conselho de administração da COSO (organização privada criada para fiscalizar fraudes nos procedimentos e processos internos das empresas nos EUA). Para ele, o mundo está cada vez mais interligado e clama por mais justiça social. “E as empresas precisam prestar contas não somente do faturamento aos stakeholders.” 

Ainda de acordo com Sobel, habilidades em outras áreas serão necessárias dentro de um comitê de auditoria para fazer convergência de padrões globais de apresentação de dados não financeiros. 

John Veihmeyer concorda. “Precisamos nos educarmos rapidamente sobre todas essas outras questões. Não é mais admissível um comitê de auditoria dizer, por exemplo: ‘não temos expertise para tratar de crimes on-line. Precisamos assumir e aprender o que não sabemos”. 

Carlos Pires, presidente do Ibracon - Instituto dos Auditores Independentes – 5ª seção regional, afirmou que adquirir os conhecimentos mais holísticos é uma responsabilidade a qual não se pode mais postergar. ” Vai ser difícil dormir pensando em tantos fatores de risco não financeiros para aprender a avaliar. Mas é preciso”.

Siga as startups

O que uma empresa startup pode ensinar de governança a uma grande empresa de capital aberto? A pergunta provocativa partiu da audiência da segunda sessão da terça-feira (24) no 21º Congresso IBGC. O debate girou em torno do tema “A ideia ao unicórnio: governança corporativa para startups em diferentes culturas - Brasil, América Latina, Vale do Silício e Israel”. E para Rafael Dutonco, fundador da Movile e da Aceleradora 21212 a resposta é simples: agilidade no processo de tomada de decisão.

Carolina Strobel, COO da Redpoint Eventures concorda.  Ela percebe que quanto maior é a empresa, mais são propensas a buscarem a decisão perfeita. E isso não existe. Para Carolina as startups “vão se virando” à medida que os problemas surgem. Estes empreendedores tem cabeça e metodologia squad que ajuda a organização. “Diversidade então, nem precisa falar. Esse tipo de empresa já nasce diversa”

As empresas de capital averto focam no passado ou em questões regulatórias atuais. E startups são mais focadas no futuro. Esta é a opinião de Evan Epstein, professor da UC Hastings e fundador e sócio-gerente da Pacifica Global. “A governança de empresa aberta podem aprender com as startups a agir pensando no futuro”, aconselhou Epstein. 

Também participou da discussão Nemer Rahal, sócio da Mindset Ventures e cofundador e membro do conselho da I. A plenária teve como moderador Caio Ramalho, Coordenador da Comissão de Startups do IBGC, professor da FGV e diretor da FGV NESTO.

O 21º Congresso IBGC acontece entre 3 e 27 de novembro e conta com patrocínio de KPMG, B3, Brunswick, Diligent, Bradesco, Cielo, Domingues Advogados, INNITI, Itaúsa e Nasdaq MZ. Para saber mais, acesse aqui 

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