Diante de desafios globais como os riscos da crise climática, a crise socioeconômica que tem acentuado a lacuna entre países ricos e pobres e a disseminação da variante ômicron de Covid-19 - que se espalha rapidamente pelo mundo, participantes da Agenda 2022 de Davos se reuniram virtualmente no período de 17 a 21 de janeiro para discutir suas visões para o ano de 2022 que se inicia rodeado de incertezas.

Durante o evento, chefes de estado e governo, CEOs e outros líderes concentraram as conversas em tópicos como a resposta à pandemia do COVID-19, a recuperação econômica global, ação climática, inovação tecnológica e colaboração global.

O Fórum Econômico Mundial, então, reuniu as principais mensagens e conclusões da Agenda de Davos 2022 e apresentou muitos dos posicionamentos dessas lideranças. Veja a seguir:

Muitos dos discursos especiais e painéis de discussão durante o evento Davos Agenda 2022 confrontaram a pandemia de COVID-19 em andamento, apresentando lições e oferecendo ideias para uma resposta contínua à pandemia. A mensagem chave que emergiu foi a importância da vacinação e equidade vacinal para acabar com a pandemia. Mike Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, disse que, embora nunca possamos acabar com o vírus, podemos acabar com a emergência de saúde pública - mas, para isso, precisamos de uma distribuição equitativa de vacinas. Gabriela Bucher, Diretora Executiva da Oxfam International, argumentou que a desigualdade deve ser abordada para salvar vidas e garantir a recuperação da pandemia. E Yemi Osinbajo, vice-presidente da Nigéria, alertou que, com apenas 10% da população da África totalmente vacinada, a recuperação econômica no continente depende da contenção da pandemia por meio da vacinação generalizada.

A economia também foi destaque durante as discussões da Agenda 2022 de Davos, com líderes mundiais comentando sobre o impacto da pandemia nas economias e os esforços em andamento para a recuperação. A pandemia reverteu os ganhos na redução da pobreza, reduziu a renda, causou uma queda global no PIB e interrompeu o desenvolvimento. Líderes mundiais, incluindo o presidente chinês Xi Jinping, o presidente indonésio Joko Widodo, o primeiro-ministro australiano Scott Morrison, o primeiro-ministro japonês Kishida Fumio, Nadia Calviño Santamaría, o vice-primeiro-ministro e ministro da Economia e Digitalização da Espanha, entre outros, enfatizaram a necessidade de se concentrar em forte recuperação econômica.

Aproveitando o impulso da COP26, os palestrantes da Agenda 2022 de Davos defenderam a necessidade de ação climática em termos inequívocos. Os riscos climáticos estão no topo do Relatório de Riscos Globais 2022 do Fórum Econômico Mundial, que analisa as percepções globais entre especialistas em riscos e líderes mundiais em negócios, governo e sociedade civil. John Kerry, representante do clima do governo dos EUA, foi claro sobre a necessidade de ação. "Ninguém está se movendo rápido o suficiente", disse ele em uma sessão sobre aceleração e expansão da inovação climática. Fatih Birol, diretor executivo da AIE, por sua vez, falando em uma sessão sobre a transição energética, alertou que seria necessário um "esforço hercúleo" para passar de 80% da energia proveniente de combustíveis fósseis para zero líquido até 2050, por exemplo.

A pandemia do COVID-19 acelerou muitas das transformações digitais da 4ª Revolução Industrial em todos os setores, uma tendência que continuará no próximo ano. Na Agenda de Davos 2022, muitos dos palestrantes destacaram o papel fundamental da tecnologia e estavam otimistas sobre o potencial da tecnologia para ajudar a resolver problemas globais. Scott Morrison, primeiro-ministro da Austrália, explicou como a pandemia aumentou o uso da tecnologia e da economia digital, com o país saltando “cinco anos à frente na adoção digital em quase um piscar de olhos”. Enquanto isso, Naftali Bennett, primeiro-ministro de Israel, explicou como a coleta de informações dos dados ajudou seu país a responder à pandemia. A inclusão digital também esteve no agenda ao longo da semana.

Em uma sessão sobre cooperação tecnológica, Paula Ingabire, Ministra de Tecnologia da Informação, Comunicação e Inovação, do Ministério de Tecnologia da Informação, Comunicação e Inovação, de Ruanda, explicou que muitas partes do mundo, incluindo seu país, estão enfrentando desafios de cobertura e acessibilidade. Isso deve ser abordado para colher os benefícios da tecnologia, argumentou Sunil Bharti Mittal, presidente da Bharti Enterprises. Hans Vestberg, presidente e CEO da Verizon Communications, deu um passo adiante, chamando a conectividade de um direito humano.

Sustentando todas as conversas na Agenda de Davos 2022 estava o poder da colaboração global. Isso abrange todos os setores - da resiliência à pandemia à ação climática e à restauração da confiança no comércio global e nas cadeias de suprimentos - e envolve partes interessadas das esferas pública, privada e da sociedade civil. Por exemplo, Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da OMC, destacou como a comunidade global deve se unir para fortalecer o sistema comercial e se adequar ao futuro do comércio, que é menos proibitivo e mais inclusivo, disse ela.

O esforço público-privado global em direção às métricas ambientais, sociais e de governança (ESG) oferece um exemplo promissor do potencial dessa colaboração global. Mais de 140 empresas demonstraram apoio à iniciativa Stakeholder Capitalism Metrics do Fórum Econômico Mundial, com mais de 50 já incluindo as métricas em seus relatórios. Esforços padronizados, transparentes e colaborativos apoiados por empresas, líderes do setor público e investidores podem impulsionar o progresso, disse Brian Moynihan, presidente e CEO do Bank of America, em uma sessão sobre métricas ESG.

Fonte: Davos Agenda: What can we expect of 2022? Highlights and key takeaways