Somados os percentuais dos dois portes de companhias participantes do estudo, o resultado mostra que 80% das companhias brasileiras de capital fechado tem alguém para tratar das questões de conformidade. Seja um profissional dedicado exclusivamente a compliance, seja pelo menos um profissional que acumule esta função a outras. “Este foi um resultado que nos surpreendeu positivamente”, disse Luiz Fernando Dalla Martha, gerente de pesquisa e conteúdo do IBGC.
Martha contou ainda que o estudo teve como objetivo levantar as práticas de compliance adotadas por empresas de capital fechado. “E de compreender as tendências e desafios enfrentados no que diz respeito à temática”, completou.
Vulnerabilidade cibernética
Sobre os principais riscos de compliance nas empresas de capital fechado, a mostra revela que a maior preocupação reside na gestão de terceiros (fornecedores, clientes e parceiros. Em seguida, com 49%, aparece os riscos ligados a assédio moral e/ou sexual.
Na sequência, 48,1% dos respondentes apontaram riscos trabalhistas como o terceiro mais inquietante. Corrupção apareceu em 4ºlugar com 43,3%'. Já conflitos de interesse e informações privilegiadas aparecem em 5º lugar no ranking dos riscos de compliance preeminentes para 42,3%, um empate técnico com vulnerabilidade cibernética e segurança da informação.
Recentes casos de vazamentos de dados e a promulgação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) são possíveis motivadores para trazer esta questão à tona. "O resultado chama atenção e aponta que a preocupação com o tema de segurança da informação e proteção de dados tende a crescer cada vez mais na agenda de compliance das empresas", acredita Martha.
Critério para promoção
A pesquisa mostra ainda que quase 60% das empresas (58,7%) dizem fazer uso de critérios de conduta ética e de integridade para a contratação e/ou promoção de profissionais da alta administração. “Esta conduta é mais evidente nas empresas de maior porte, de maior faturamento”, salientou o gerente de pesquisa e conteúdo do IBGC.
A categoria de risco menos mapeada pelas empresas é a de crimes e impactos socioambientais. Em compensação, mais de 70% das empresas possuem algum tipo de canal de denúncias (próprio ou independente), mas a maioria das empresas com faturamento até R$ 20 milhões não possui nenhum deles. 52% das denúncias reportadas ao canal de denúncias das empresas referem-se a assédio (moral e/ou sexual).
Compliance e governança
Por definição, compliance (conformidade) é um sistema que ajuda a preservar e gerar valor a longo prazo. Para se adotar as melhores práticas de governança corporativa, a existência e a manutenção de um sistema de compliance é de extrema relevância. E a pesquisa realizada pelo IBGC teve como propósito elaborar o panorama de como este sistema vem funcionando.
A pesquisa contou com a participação de 104 respondentes que ocupam diferentes posições nas empresas de capital fechado: conselheiros de administração e consultivos, profissionais da área de compliance e colaboradores que atuam em outras áreas.
Percorrendo os diferentes campos da área de compliance, o estudo também procurou compreender como tem sido a dinâmica das áreas de compliance e sua estruturação em relação a políticas, gestão de riscos, treinamentos, canal de denúncias, estrutura hierárquica, apoio da alta gestão, dentre outros temas.